A história do Jiu-Jitsu
Pesquisada por Fernando PindukaOrigem
Há algumas controvérsias a respeito das origens das artes marciais. É considerado, pela maioria dos pesquisadores, que as técnicas especificamente asiáticas chegaram à China através da Índia e do Tibet, sendo que, neste último, eram utilizados pelos monges enclausurados em grandes mosteiros.
Na China, foram os monges que aprenderam essas técnicas de luta para se protegerem de bandidos, bem como para exercitarem o corpo. Não se tem conhecimento de quais as primeiras técnicas que foram aprendidas e desenvolvidas neste país, por serem ensinamentos só ministrados pelos monges a seus discípulos, sendo proibido o ensinamento da arte a pessoas comuns do povo. Era também proibida a referência, escrita ou falada, dessa forma de se defender, para evitar que a mesma caísse em mãos inimigas.
Da China, o conhecimento de algumas formas de combate sem armas estendeu-se a outras regiões asiáticas. Certos historiadores afirmam que foi Chim Gempim, um monge Chinês que migro para o Japão, quem lá ensinou alguns golpes da luta chinesa no arquipélago, dando início, assim, às artes marciais naquele país.
Embora o Japão possa ter sido o último país asiático a adquirir o conhecimento desta forma de defesa sem armas, lá é que as artes marciais se desenvolveram e se popularizaram de uma maneira incrível.
Versão da Escola Gracie de Jiu-Jitsu
Apesar de algumas versões contrárias, a origem do Jiu-Jitsu é, inegavelmente, atribuída à Índia, berço inigualável de cultura e religião. Monges budistas de grande saber e perfeito conhecimento do corpo humano foram os criadores da mais completa e perfeita forma de defesa pessoal de todas as épocas, o pai de todas as lutas: o Jiu-Jitsu.
É interessante chegar-se às origens do Budismo para uma compreensão melhor dessa forma de luta que, séculos mais tarde, foi chamada pelos japoneses de Arte-Suave, ou seja, a técnica de defesa pessoal que, com o mínimo de esforço, sem necessidade do uso de força bruta, permite ao mais fraco defender-se e até dominar um adversário fisicamente mais forte.
O Budismo teve suas bases lançadas pelo príncipe Sidharta Gautama, nascido há cerca de 2.500 anos no norte da Índia, perto de Benares. Membro da tribo Sakya, homem culto e dotado de grande inteligência, logo passou a ser Buda, o iluminado, e via a religião que fundara desenvolver-se por toda a Índia. Muito dos seus seguidores, monges de longínquos monastérios, sendo assaltados com freqüência por bandidos em suas longas caminhadas para a propagação da fé, foram os responsáveis pelo novo tipo de luta de resultados tão positivos. A eficiência nasceu da necessidade, já que, sem o uso de armas, atentatórios aos preceitos religiosos, a habilidade no uso do corpo era essencial para afastar assaltantes.
Assim nasceu o Jiu-Jitsu, impregnado pelo espírito de defesa, que é a sua essência. A aplicação de leis físicas (tais como sistema de alavancas, momento de força, equilíbrio, deslocamento do centro de gravidade) pelos monges budistas, homens de grande saber, juntamente com o estudo minucioso dos centros vitais do corpo humano, fez do Jiu-Jitsu a grande arte científica de luta de todos os tempos.
A propagação do Jiu-Jitsu através da Ásia viria séculos mais tarde, por volta de 250 A.C., mais precisamente, 2.220 anos depois de Buda. Este desenvolvimento mais se deu quando o Rei Asoka. Ele abraçou o Budismo e desenvolveu-o criando monastérios dentro e fora da Índia. Desta maneira, o Budismo, e com ele o Jiu-Jitsu, chegou ao Ceilão, Birmânia, Tibet, Sião, todo o sudeste da Ásia, China e Japão. Neste último país é que o Jiu-Jitsu tomou grande impulso, entrando antes do nascimento de Cristo e emigrando em seguida para o Ocidente.
A morte do Rei Asoka trouxe muitas conseqüências para o Budismo e, naturalmente, para o Jiu-Jitsu. Os Brâmanes, cuja religião florescera antes do Budismo, sentiram-se prejudicados pela nova crença. Depois de pertinaz campanha, conseguiram expulsar os monges budistas do solo indiano, razão da pouca influência dessa arte na Índia. A filosofia Zen, nascida do Budismo, é, sem dúvida, o traço marcante entre essa religião e antigas seitas do Jiu-Jitsu.
Desenvolvimento das Artes Marciais no Japão
É no Japão que se tem os mais antigos registros do início das artes marciais. A referência mais longínqua encontrada na história remonta a aproximadamente 2.000 anos atrás (20 séculos), no ano 24 A.C, e está registrada no livro Kojiki, que é a crônica e mitologia japonesa mais antiga, documentária relatos sobre a história original deste país.
Entre essas formas, há dezenas de estilos principais. Se contarmos também os sub-estilos, teremos centenas de formas diferentes de praticar o Jiu-Jitsu, que proliferaram no Japão feudal. Por isso, não é correto referir-se a qualquer um desses estilos como ‘autênticos’ ou ‘oficias’.
Como vemos, a arte de combater como exercício marcial ramificou-se em várias escolas. O Sumo (luta corporal propriamente dita), à base de peso e da força, tendo-se orientado no sentido do espetáculo, e o Jiu-Jitsu, com seus vários estilos consagrados, no de combate real.
Havia, pois, não apenas um, mas vários tipos de combate de escolas de Jiu-Jitsu. Algumas especializavam-se em determinadas formas de combate com certas características diferenciadas, embora muitas delas tivessem numerosas afinidades. Dentre os vários estilos de Jiu-Jitsu, alguns eram especializados em estrangulamentos, outros em espadas, outros em lanças, outros em arco e flecha, outros em bastão, outros em chutes e socos, outros em lanças, outros em punhais, outros em torções e outros em quedas e imobilizações. Só com esses exemplos já podemos ver a variedade de estilos que proliferam no Japão feudal.
As vestimentas usadas variavam conforme os estilos. Por exemplo: o Nin-Jitsu e o Tai-Jitsu usavam a mesma vestimenta, que é a mesma que hoje vemos nos filmes de ficção sobre os ninjas. O Kito-Ryu usava um kimono de calças largas e pretas (Hakama), usado ainda hoje no Aikidô, com a parte superior de mangas curtas na cor branca. Os treinamentos dessas lutas eram feitos, dependendo da escola, no chão liso, no barro, na grama, na serragem, dm esteiras ou em piso de madeira.
Durante o período Togukama (1603-1687), o Jiu-Jitsu, nos seus vários estilos, desenvolveu-se como arte bem elaborada, sendo ensinado por numerosos mestres habitados, representantes credenciados das escolas que se desenvolveram sob impacto do processo evolutivo.
Pouco a pouco, o nome genérico, Jiu-Jitsu, vulgarizou-se, chegando a tal ponto que, mesmo quando um samurai aplicava um golpe de Tai-Jitsu ou Yawara, o espectador a ele se referia como sendo um golpe de Jiu-Jitsu.
Para melhor compreensão, tracemos, em linhas gerais, o panorama social do Japão no período feudal (era Shogunato). A sociedade era rigidamente dividida em castas: em primeiro lugar vinha o imperador, que embora despido do poder temporal, era a mais alta personalidade, investida de poderes espirituais; em seguida, vinha o shogum, espécie de regente que exercia o poder militar; os samurais constituíam 5% da população e eram uma casta de guerreiros a serviço dos Daymos (senhores feudais).
Os samurais não podiam abandonar suas terras, embora não fossem considerados como servos. Como eram guerreiros, tinha por parte dos Daymos, regalias especiais. Os que não serviam a determinados senhores eram chamados Ronin ou ‘samurais vagabundo’. Nos tempos de paz, o que era muito freqüente, entre os samurais idosos eram escolhidos os encarregados dos serviços administrativos do Império. Nessas condições, puderam os samurais lidar com o Jiu-Jitsu com meio de vida e sobrevivência, transformando-o em arte refinada por intermédio de seus instrutores e, em conseqüência, tendo todos as condições necessárias ao seu aperfeiçoamento.
Apesar das diferenças de estilo, os samurais pautavam suas normas de conduta pelo Bushido (caminho do guerreiro), código ético e moral que, elaborado no período do Japão feudal, visava arraigar os sentimentos de honra, dignidade, intrepidez, lealdade e obediência. A força do guerreiro estava no destemor pela morte. O Bushido preconizava a vida de rusticidade, de desprezo pela dor e pelo sofrimento. Enfim, uma vida simples, na qual o sentimento de medo não podia existir.
A honra era o mais importante valor para um samurai, tanto que as suas lutas eram travadas em campo aberto e nunca em tocaias desprezíveis que o desonrariam. Essa noção de honra era tão que o samurai, ao sentir a desonra,devia morrer brava e honrosamente pelas próprias mãos na presença de um companheiro respeitável (o Sppuko).
Podemos, desta maneira, entender como o Jiu-Jitsu se desenvolveu e se consolidou por meio dos samurais, sendo muito mais que variadas formas de luta, mas sim, essencialmente, uma forma de encarar a vida uma ética social e moral.
A evolução dos estilos e sub-estilos do Jiu-Jitsu
Tai-Jitsu
Hakashu-Jitsu
Tori-Jitsu
Tori-Te-Jitsu
Koshi-No-Ma-Wari-Jitsu
Nin-Jitsu
Shubaku-Jitsu
Kogu-Jitsu
Shime-Jitsu
Wa-Jitsu
Yawara-Jitsu
Na-Kuda-Jitsu
Jikishin-Jitsu
Ten-Shin-Jitsu
Goshin-Jitsu
Te-Jitsu
Kempo-Jitsu
Bo-Jitsu
Ai-Jitsu
Shobu-Shin-Ryu-Jitsu
Kendô-Jitsu
Shira-Uchi-Ryu-Jitsu
Get-Ryu-Jitsu
Tebacu-Jitsu
Take-Uchi-Ryu-Jitsu*
Yoshin-Ryu-Jitsu
Sekigushi-Jitsu
Arata-Jitsu
Shishindo-Jitsu
Kisy-Ryu-Jitsu
Daito-Ryu-Jitsu
Kogusoko-Jitsu
Kito-Ryu-Jitsu*
Tenshin-Shinyo-Ryu-Jitsu
Ryshinto-Ryu-Jitsu
Takenouchirya-Kiraku-Jitsu
Sinoshindo-Jitsu
Existindo, ainda, muitos outros estilos e variações.
(*) Take-Uchi-Ryu-Jitsu
Supostamente a mais antiga escola de Jiu-Jitsu do Japão, fundada por Miura-Yoshin.
(*) Kito-Ryu-Jitsu
Sistema de onde vieram as principais artes marciais que hoje conhecemos. Nela estudaram Jigoro (Judô) Morihei Ueshiba (Aikidô), H. Funkuno e S. T. Terada (Kempô Karatê) Mitsuyo Maeda (Gracie Jiu-Jitsu)
K i – erguer
To – derrubar
Ryu – estilo
Jitsu – arte
Nesse sistema, além do Randori, já havia treinamentos de Kata. Era constituído por excelente sistema de arremessos (Nage-Wasa), luta no chão (Ne-Wasa) e golpes traumáticos (Atemi-Wasa). Essa escola, Kito-Ryu, era a mais famosa e temida do Japão feudal.
Veremos, agora, quais as artes marciais que hoje conhecemos e que tiveram as suas origens nesta escola.
1640 – H. Funkundo e S. T. Terada: Kempô-Jitsu – Karatê
1882 – Kigoro Kano – Judô
1906 – Gunji Koizumi – Jiu-Jitsu Europeu
1915 – Mitsuyo Maeda (conde Koma) – Carlos Graice e Helio Gracie – Gracie Jiu-Jitsu
1922 – Morihei Ueshiba – Aikidô
Ao Brasil, além de Mitsuyo Maeda (Conda Koma), também vieram outros grandes mestres entre o ano de 1920 e 1934. Entre eles podemos destacar: Geo Omori, Takeo Yuano, Fukaya, Ryuzo Ogawa, Okoti, Ono e outros mestres japoneses.
Na Europa, o Jiu-Jitsu entrou em 1906, através da Alemanha. Depois, a arte foi para a Inglaterra, espalhando-se posteriormente pelo continente.
Análise comparativa das artes marciais originais do Kito-Ryu-Jitsu
Karatê
Foi desenvolvido por dois mestres da escola Kito-Ryu-Jitsu (H.Funkuno e S.T. Terada), dando ênfase aos golpes traumáticos (socos e pontapés) em detrimento das quedas, torções, estrangulamentos, chaves, imobilizações que faziam a arte Kito-Ryu. Chamaram este novo estilo de Kempô, que veio a se transformar depois no Karatê.
Por motivos óbivos, o novo estilo criado era de qualidade inferior ao original Kito-Ryu, já que o novo lutador não sabia derrubar e nem tampouco lutar no chão, ficando ignorante nessas formas de luta. Os lutadores desta nova modalidade ficaram tremendamente prejudicados por não saberem chaves, estrangulamentos etc.
Karatê-Wado-Kay
Cabe-nos esclarecer que , além do estilo da Karatê chamado Kempô-Karatê, que se originou da escola Kito-Ryu-Jitsu, temos outra forma muito conhecida de Karatê chama Karatê-Do-Wado (Também conhecida como Karatê-Wado-Kay), que se originou da escola de Jiu-Jitsu chamada Yoshin-Ruy-Jitsu e foi desenvolvida pelo Mestre Hironori Otsuka.
Esta forma de luta é composta, além de socos e pontapés, por torções, projeções e imobilizações que enriquecem e diferenciam o Karatê-Wado-Kay dos demais estilos de Karatê, sendo, por conseguinte, uma luta mais completa e eficiente em relação ao Karatê tradicional.
Comparando estilo de Karatê com as escolas Yoshin-Ryu e Kito-Ryu, chegamos às seguintes conclusões:
– a forma de projeção do Katê-Wado é empre por cima do ombro, enquanto que no Kito-Ryu é pelo quadril;
– a técnica de caída, utilizada no Karatê-Wado, foi concebido em função de se cair no chão duro em ambiente real de combate. Desta forma, se protege as áreas de contato do corpo com o solo rígido, através da utilização dos pés como primeiro ponto de caída, preservando, assim, a integridade das costas e do quadril. Esta técnica de cair era usada também no Kito-Ryu;
– a esquiva é feita no Karatê-Wado somente com o tronco (este se inclina, mas quadril não, assemelhando-se com o boxe inglês), enquanto que no Kito-Ryu a esquiva é feita com o tronco e o quadril;
– os Atemis, no sistema do Karatê-Wado, não tem a função de nocautear o adversário, mas apenas a de tirar a sua concentração, para posterior finalização do golpe (similar ao Kito-Ryu);
– a luta no chão é simples, consistindo em algumas torções, chaves, pancadas e imobilizações (similar ao Kito-Ryu).
Judô
O mestre Jigoro Kano aprendeu Kito-Ryu-Jitsu com o Mestre Jikubo Kohei no ano de 1877, tendo também aulas com o Mestre Fukuda Hachino Suke. No ano de 1882, ele desenvolveu uma nova forma de Jiu-Jitsu, chamando-a de criar uma forma de Jiu-Jitsu esportivo, já que ele entendia o estilo Kito-Ryu como muito violento e não um esporte de competição.
Mestre Kano aboliu os golpes traumáticos, as torções, os estragulamentos etc. do Kito-Ryu. Limitou as quedas para um número de 40 e as catalogou no que ele chamou de Gokiô, fechando neste número os golpes oficiais do Judô. Na luta no chão (Ne-Wasa) deu maior ênfase dada à imobilização truncou de maneira drástica a luta. Aparte traumática foi totalmente alijada desta nova luta.
Aikidô
Foi criado em 1922 por Morihei Ueshida, que nasceu no Japão, em 1883. Morihei fooi para Tóquio em 1902, iniciando o seu aprendizado de Jiu-Jitsu pela escola Kito-Ryu. No ano de 1916, diplomou-se pela Escola Daito-Ryu.
Mestre Morihei desenvolveu uma variação do Kito-Ryu, a que chamou de Aikidô, na qual dava ênfase maior às esquivas, torções e quedas. O número e tipo de quedas nesta nova luta ficou muito limitado. A luta no chão também ficou muito restrita, além da parte traumática, que foi prejudicada demais.
A filosofia do Aikidô não é confronto, e sim a harmonia entre os praticantes. No Aikidô não é confronto, e sim a harmonia entre os praticantes. No Aikidô não é permitido campeonato ou disputa entre lutadores para se escolher o melhor, por isso, não existem competições, apenas demonstrações e treinamento.
Assim, o Aikidô, como forma de luta e combate, perdeu muito, ficando praticamente restrito ao campo esportivo, contrariamente ao original Kito-Ryu, que era uma arte essencialmente de luta de sobrevivência.
Introdução do Jiu-Jitsu no Brasil
Mitsu Maeda nasceu em 1880, na província de Hirozaki (Japão). Estudou na escola Kito-Ryu-Jitsu com o mestre Jibuko Hohei. Em 1990, diplomou-se Mestre. Maeda era porte médio, cerca de 70kg e 1,64m de altura. Conseguiu tão impressionantes vitórias que, até hoje, é conhecido no Japão como o ‘homem das mil lutas’. Não há registro de derrota alguma que tenha sofrido.
Consta, nos registros da Kodokan, que, por volta de 1904, Maeda deixara de participar de eventos ou campeonatos promovidos pela entidade, tornando-se campeão japonês e mundial e tenho que dar a vez a outros lutadores.
Mestre Maeda viaja então para o Brasil, aqui chegando no Porto de Santos, no ano de 1913. Após atravessar várias cidades de nosso país, estabeleceu-se em Belém do Pára. Depois de algum tempo naquela cidade, Mitsuyo Maeda retorna ao Japão, ficando lá por dois anos.
Após este período no Japão, Mestre Maeda retorna ao Brasil, vindo fixar residência definitiva em Belém. Seu dojô (recinto de treinamento), construído em madeira, possuía cerca de 16 metros quadrados e nada mais que serragem fazia as vezes de tatame. Lá ele ensinava Jiu-Jitsu a vários alunos, inclusive a Carlos Gracie, que viria a dar seqüência àqueles ensinamentos, estendendo-se a toda a sua família.
A família Gracie encarregou-se de perdurar estes ensinamentos, desenvolvendo-os através de gerações. O ex-aluno Carlos Gracie, depois de formado pelo Mestre Maeda (Conde Koma), passou a dar aulas e ensinou esta arte a seu irmão Hélio Gracie.
Hélio Gracie era de estatura média e, por este motivo, desenvolveu uma técnica na qual era incansável. Não se cansava porque não fazia força, usava apenas a técnica por ele desenvolvida. Esta permite ao lutador mais fraco vencer o lutador mais forte.
Assim é que Mestre Hélio Gracie dá início a uma nova era do Jiu-Jitsu. A era do Gracie Jiu-Jitsu, que é um Jiu-Jitsu próprio e foi por ele desenvolvido e passado para toda a família. Nesta forma de luta a técnica suplanta a força física.
Mestre Hélio demonstrou a supremacia deste novo Jiu-Jitsu em inúmeras lutas das quais participou. Contra o Vice-campeão mundial Kato (de nacionalidade japonesa), venceu por estrangulamento em apenas 6 minutos de luta.
A luta contra o campeão mundial Massahiko Kimura foi perdida pelo Mestre Hélio numa chave de braço. Naquela época já havia no Japão mais de 60 mil lutadores registrados no Kodokan, sendo Kimura o campeão absoluto.
O estilo desenvolvido por Mestre Hélio Gracie mostrou sua superioridade por mais de 65 anos de lutadas nos ringues e tatames. Posteriormente, fazendo de Carlson Gracie, seu sobrinho, o grande sucessor como representante do Gracie Jiu-Jitsu.
Esta eficiência e supremacia ficou evidenciada mais uma vez no Vale Tudo realizado em setembro de 93 e março de 94, em Denver, Colorado, USA. Royce Gracie venceu os dois campeonatos lutando contra oponentes fortíssimos de diferentes modalidades de luta. O representante da família, apesar de seus 80Kg de peso, sendo mais fraco fisicamente que os demais oponentes (alguns com até 120Kg), venceu com extrema facilidade os dois torneios acima citados.
Todos os que tiveram oportunidade de ver estes desafios, por mais leigos que sejam em termos de artes marciais, não podem ter mais dúvidas sobre a eficiência e superioridade do Gracie Jiu-Jitsu.
O Grande segredo desta forma de Jiu-Jitsu é a excelente técnica desenvolvida, na luta no chão, pelo Mestre Hélio Gracie. Esta técnica faz com que lutadores desta arte sejam invencíveis em combates frontais de Vale-Tudo contra qualquer tipo de arte marcial.
Se compararmos esta forma de Jiu-Jitsu, o imbatível Gracie-Jiu-Jitsu, com o original Kito-Ryu, podemos concluir o seguinte:
– O Gracie Jiu-Jitsu, desenvolveu uma parte traumática diferente daquela original do Kito-Ryu.
– No Kito-Ryu, as quedas têm a finalidade de derrubar o adversário. Já no Gracie Jiu-Jitsu, as quedas são dadas com o propósito de dominar o adversário no chão.
– No Kito-Ryu, a luta no chão é vista basicamente estrangulamentos e chaves de braço. No Gracie Jiu-Jitsu, a luta no chão é muito mais dinâmica, sendo importantíssimas as posições de raspagem, montada, passagem de guarda, guarda fechada, etc., sempre com o propósito de finaliza a luta.
Pelos motivos anteriormente expostos, acredito que o Gracie Jiu-Jitsu é a única arte marcial que pode formar lutadores que vençam os japoneses do Kito-Ryu-Jitsu.
Jiu-Jitsu Europeu
O Mestre Gunji Koizumi nasceu em 8 de julho de 1885, no Japão. Formado Mestre pela Escola do Kito-Ryu-Jitsu, ele se filiou a Kodokan, tendo vivido, a partir de 1906, na Inglaterra e posteriormente na Alemanha, sendo introdutor do Jiu-Jitsu na Europa. Outros japoneses, mestres em Jiu-Jitsu, também migraram para o Velho Continente, mas o Mestre Koizumi foi o mais conhecido.
No ano de 1918, em Londres, Mestre Koizumi fundou o Budokan, que é considerado um dos grandes centros de Judô da Europa. O Jiu-Jitsu Europeu pouco difere do original Kito-Ryu-Jitsu. As maiores diferenças não são no estilo de luta, mas sim nas vestimentas (usam o Judô-gui) e no uso do tatame ao invés do assoalho de madeira.
Esta forma de Jiu-Jitsu é inferior, em termos de eficiência de luta, ao Gracie Jiu-Jitsu. A superioridade do estilo da família Gracie sobre o Jiu-Jitsu Europeu ficou evidenciada no Ultimate Fighting II, realizado em março de 94, em Denver, Colorado, USA. Neste torneio de Vale Tudo, Royce Gracie de apenas 176 libras de peso, ganhou, por estrangulamento, do campeão absoluto europeu Renco Pardoel, de 260 libras de peso.
Acredito firmemente que, depois da derrota do campeão europeu para Royce, haverá não somente a introdução do Gracie Jiu-Jitsu no Jiu-Jitsu Europeu, mas também mudanças nas regras deste, adaptando-se ao estilo da família Gracie.
Referências bibliográficas
HANCOK, Irving H. Dschiu-Dschitsu. Stuttgard, Hoffmann, 1910
REUTER, Hans Selbstverteidingung – Jiu-Jitsu. Munique, Poeesenbacher, 1924
WERNER, Wolfram. Diewaffe – Jiu-Jitsu. Dresden, Rudolph, 1924
Entrevistas Pessoais
GRACIE, Carlos Prof.
GRACIE, Carlson Prof.
GRACIE, Hélio Prof.
GRACIE, Reyson Prof.
GRACIE, Róbson Prof.
Pesquisa realizada por:
Prof. Fernando de Mello Guimarães
– Professor de Educação Física – CREF 2049
– Pós-graduação em Treinamento Desportivo
– Pedagogia do Movimento Humano
– Docência Universitária
– Mestre em Jiu-jitsu Vermelha e Branca e Preta 8º grau
– Personal Trainer
Academia Fernando Pinduka
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Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 817 / 10º andar
Rio de Janeiro – RJ
Email: contato@fernandopinduka.com
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